Magnificat, o cântico de Maria

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A Mãe de Jesus, sempre foi modelo de discípula com a mais autêntica espiritualidade cristã. A meditação sobre o seu cântico, ajuda todos a crescer na fé, nos faz mais reflexivos e atentos à vida e à história. Rezar ou cantar o Magnificat da Virgem de Nazaré é redescobrir a identidade de Maria, servidora fiel de Deus que realiza maravilhas, em favor dos descendentes de Abraão (Lc 1,55).

Este único cântico de Maria de que temos notícia é objeto de estudo e reflexão nas comunidades e uma referência da espiritualidade mariana. O Magnificat é recitado pelos mais variados grupos da Igreja. Para os cristãos adeptos da teologia da libertação, ele é um estímulo para a luta contra os “poderosos“, além de ser um canto de esperança e fé no Deus que “despede os ricos de mãos vazias e exalta os humildes” (Lc 1,48-53). O movimento carismático reza o Magnificat com ênfase ao carisma de Maria a qual, após a efusão do Espírito Santo (cf. Lc 1,35), canta as maravilhas do Senhor (cf. Lc 1,46ss).

O Magnificat é uma expressão poética do itinerário espiritual da jovem Virgem de Nazaré. No Magnificat Maria louva o Senhor que a escolheu para a missão de gerar o Messias. Este vem para salvar o povo de Israel do qual Maria faz parte. A Maria que canta o Magnificat é a mesma Mulher humilde de Nazaré que, ao receber do anjo a notícia das maravilhas do Todo-Poderoso, assume a condição de servidora do Senhor (cf. Lc 1,38).

Com o Magnificat, Lucas, o autor do terceiro evangelho e do livro dos Atos dos Apóstolos, coloca Maria na linha das grandes mulheres do povo de Deus, como: Miriam, Rute, Judite, Ester, Débora, Ana… Mas Lucas vai ainda mais longe e situa a Mãe de Jesus entre o resto de Israel, a classe mais humilde da população (anawim). Porém, Deus se encantou com a simplicidade do seu coração e a escolheu para a sublime missão de ser a Mãe do Salvador.

 

O Magnificat na obra de Lucas

Lucas escreveu o evangelho por volta dos anos 80 e dedicou toda a sua obra a Teófilo (cf. Lc 1,1-4; At 1,1). Ele não conheceu pessoalmente a Jesus de Nazaré e tão pouco apresenta com clareza sua identidade. A tradição cristã sempre considerou Lucas, escritor e historiador do mundo helenístico, como o autor desta obra dividida em dois volumes: Evangelho (o caminho de Jesus) e Atos dos Apóstolos (o caminho das comunidades). No evangelho de Lucas encontramos as parábolas mais conhecidas do Novo Testamento (cf. Lc 15), além das duas anunciações: uma no templo de Jerusalém, ao velho sacerdote Zacarias e outra a jovem leiga Virgem Maria, no aconchego de sua humilde casa. Temos as duas anunciações e os dois nascimentos: o de João Batista, Profeta que atuava na beira do rio Jordão e o nascimento de Jesus, o Messias. Lucas também trás três hinos: o Magnificat, cantado por Maria, o Benedictus recitado por Zacarias e o Nunc dimittis do idoso Simeão (cf. (Lc 1-2).

 

A origem do Magnificat

O Magnificat é um cântico pré-lucano inserido por Lucas no início do seu evangelho. Alguns documentos antigos atestam que o Magnificat foi cantado por Isabel. Mas a tradição cristã e a crítica textual sempre negou esta hipótese e reconheceu Maria como a cantora deste cântico de louvor, no qual a Mãe de Jesus expressa sua gratidão pessoal ao Deus de Israel. O Magnificat de Maria é um misto de hino e cântico de ação de graças o que manifesta a liberdade poética comum nos ambientes judaicos.

O cântico do Magnificat, como aparece no evangelho, certamente não é uma transcrição literal de Lucas. O autor do evangelho não gravou o Magnificat tal como foi pronunciado pelos lábios da Virgem de Nazaré. Mas, pode-se afirmar com alguma segurança, que o Magnificat transmitido por Lucas corresponde substancialmente ao cântico de Maria. O evangelista, com a genialidade que lhe é própria, inseriu o cântico no primeiro volume de sua obra colocando-o nos lábios de Maria, fazendo os devidos retoques, os quais manifestam a sua visão teológica.

 

O cântico de Maria e as Bem-aventuranças

O contato do Magnificat com os primeiros capítulos do evangelho de Lucas são evidentes e bem articulados. Mas existem também uma relação do Magnificat com toda a obra de Lucas. Para ilustrar essas afirmações, tomamos o Magnificat e as Bem-aventuranças, onde Lucas mostra um interesse particular pela salvação dos pobres.

Magnificat

Bem-aventuranças

“Cumulou de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias” (Lc 1,53). “Felizes vós, que agora tendes fome: sereis saciados” (Lc 6,21).

 

O sentido dos dois termos é idêntico: “famintos” – “tendes fome”. Em ambos os casos, trata-se de pessoas com determinada carência. Portanto, são de baixo nível econômico. Não é correto insistir exageradamente na afinidade desses dois textos lucanos, mas pode-se concluir que, para o evangelista, o cântico de Maria e as Bem-aventuranças trazem alguns elementos semelhantes em nível lexical e temático. Observa-se que o contexto do Magnificat não coincide com o contexto das Bem-aventuranças e os gêneros literários são diferentes, mas, em ambos os textos, Lucas trata dos pobres e dos ricos. Nos textos Lucas mostra uma inversão radical da situação a partir da intervenção do Senhor, que olhou para a miséria de sua serva Maria (cf. Lc 1,53), como também sacia os famintos de Israel (cf. Lc 6,21.24.25).

 

Os principais temas do Magnificat e toda a obra de Lucas

No Magnificat encontramos reflexos de outros temas que permeiam a obra de Lucas, como: o louvor, a exaltação e a alegria. O tema do louvor aparece no Magnificat na forma “engrandece” e ocorre também na narrativa do Pentecostes das nações pagãs (cf. At 10,46). Maria usa o termo “exulta” (louvar, bendizer), o qual é encontrado repetidas vezes em Lucas (cf. Lc 2,13.20; 24,53; At 3,8.9).

O tema da “salvação” ocupa um lugar privilegiado na obra de Lucas. Os especialistas são unânimes em afirmar que a “salvação” é o tema central da obra lucana. Isto não significa que o tema da “salvação” seja exclusivo de Lucas, pois Paulo também trata desta temática assim como os demais autores do Novo Testamento. Porém, nenhum deles insiste tanto neste tema como Lucas. No Magnificat esta temática aparece de modo claro quando Maria exulta em Deus seu Salvador (cf. Lc 1,47). Esta passagem do Magnificat é a única em todo o Novo Testamento onde uma pessoa exulta em Deus Salvador. Tal atitude é comum no Antigo Testamento (cf. Ex 18,9-11; 1Sm 2,1; Sl 33,21). Nos evangelhos e em Paulo, o tema da exultação não vem ligado ao Deus Salvador, mas à pessoa de Jesus Cristo.

O principal objetivo do evangelho de Lucas é apresentar Jesus Cristo em sua missão salvadora. No livro dos Atos, Lucas mostra a Igreja que proclama, testemunha e confirma esta salvação. Deste modo, compreendemos a história da salvação, que segundo Lucas tem três momentos: Tempo de Israel (promessa – ação do Pai / Lc 1-3), Tempo de Jesus (centro do tempo – ação do Filho / Lc 4-24) e tempo da Igreja (missão – ação do Espírito / At 1-28). O Magnificat foi inserido por Lucas no começo do seu primeiro volume, no denominado “evangelho da infância“, que às vezes é chamado pelos biblistas como “o evangelho de Maria” (cf. Lc 1-2).  A Virgem de Nazaré faz o elo de ligação entre os três tempos da história da salvação. Ela vive a esperança messiânica de Israel (tempo da promessa), é a Mãe do Salvador (tempo de Jesus) e participa da comunidade evangelizadora, que a partir de Pentecostes parte para a missão (tempo da Igreja).

 

O cântico dos pobres ao Deus Salvador

No evangelho de Lucas aparecem fortes contrastes sociais. O autor faz questão de mostrar ricos que vivem na fartura e pobres perseguidos e aflitos (cf. Lc 6, 20-26; 12,16-21; 16,19-31). Maria aparece junto aos pobres. É nesse contexto de pobreza e esperança que a Virgem canta e proclama as maravilhas do Senhor.

O cântico de Maria, recitado por ela numa pequena cidade de Judá (Lc 1,39), inicia com a proclamação de Deus Salvador (cf. Lc 1,47) e segue com a manifestação da exultação e alegria presente no coração da Virgem. Maria “engrandece“, canta e exulta de alegria no Senhor Deus, seu Salvador. O termo “Salvador” se repetirá no evangelho da infância aplicado à figura de Jesus Cristo: “Nasceu-vos hoje, na cidade de Davi, um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,11). Também no livro dos Atos dos Apóstolos, Lucas aplicará este termo a Jesus (cf. At 5,31; 13,23). Nas passagens citadas, percebemos que Lucas usa o termo “Salvador” no Magnificat como um título divino, enquanto nas demais passagens de sua obra, esse termo é relacionado com a pessoa de Jesus Cristo e sua obra salvífica.

 

A estrutura concêntrica do cântico de Maria

O Magnificat já recebeu diversas propostas de estruturas. Optamos por aquela que dá ênfase a centralidade da fé de Maria, a qual crê no Deus Santo de Israel (cf. Lc 1,49). Esta estrutura simples, divide o cântico da Virgem em duas grandes partes com a profissão de fé no centro. A primeira parte se estende até o v.49, onde vemos Maria exultar no Senhor, que nela realiza maravilhas. Na parte central Maria reconhece o Senhor como o “Santo” de Israel (v.49b). Na parte seguinte, Maria canta e louva o Senhor que interveio com a força de seu braço e agiu em favor da descendência de Abraão (vv. 51-55).

I Parte: Maria exulta no Senhor que realiza maravilhas (Sujeito = Maria – Pronomes: “eu / meu”)

46. Maria, então, disse:

minha alma engrandece o Senhor 47. e

meu espírito exulta em Deus meu Salvador.

48. porque olhou para a pobreza de sua serva.

Sim, doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada,

49. pois o Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor“.

 

II Parte (central): a fé de Israel – Deus Santo

 

49b. Seu nome é Santo

 

III Parte: A intervenção do Senhor (Sujeito = Deus – Pronome: “ele”)

 

50. e sua misericórdia se estende de geração em geração, para

aqueles que o temem. 51. Agiu com a força de seu braço, dispersou

os homens de coração orgulhoso. 52. Depôs poderosos de seus tronos,

e exaltou os humildes 53. Cumulou de bens os famintos e despediu os

ricos de mãos vazias.

54. Socorreu Israel, seu servo, memória de sua misericórdia, 55.

conforme prometera a nossos pais em favor de Abraão e de sua

descendência, para sempre.

 

A alegria de Maria

 

Na primeira parte do cântico (vv. 46-50), Maria louva e agradece ao Senhor, que pôs os olhos sobre sua humilde serva. Aqui, vemos a alegria interior da Mulher que assume uma atitude de serva e exulta em seu espírito, reconhecendo a ação de Deus Salvador. O sujeito desta primeira parte do Magnificat é Maria, que canta e louva em primeira pessoa: “Minha alma engrandece o Senhor, o meu espírito exulta em Deus meu Salvador” (v.46). Os pronomes que caracterizam esta parte inicial do cântico de Maria são “eu-meu“. A última parte tem Deus como sujeito que age na história e o pronome usado é “ele“. Esta ação de Deus é de misericórdia para aqueles que o temem. Ele exaltou os humildes, cumulou de bens os famintos e socorreu Israel. Com os homens de corações orgulhosos, Deus agiu usando a força de seu braço para dispersar os soberbos, derrubar os poderosos de seus tronos e despedi-los de mãos vazias.

 

Maria engrandece o Senhor seu Salvador

 

O primeiro verbo que Maria pronuncia dá o título a este cântico: “engrandece” (Magnificat – v. 46). O verbo “engrandece” nos lábios de Maria manifesta a grandeza de sua alegria que faz vibrar o coração. Engrandecer significa fazer maior o que já é grande. Esta é a forma que Maria encontrou para expressar a grandeza de Deus, que dá o seu Filho como dom a toda a descendência de Abraão. Seu espírito exulta (canta, vibra, se emociona) diante do Senhor, que olhou para a sua humilde serva (cf. Lc 1,38). A reação de Maria pode ser comparada à reação da criança no ventre de Isabel. No encontro das duas mulheres, uma Mãe do Precursor e outra Mãe do Messias, o evangelista descreve a reação da criança como um “pulo” que faz Isabel exclamar: “Tu és bendita entre todas as mulheres” (Lc 1,39-45).

 

A expressão “meu Salvador” deixa transparecer a proximidade de Maria com Deus. O pronome “meu” dá cor e brilho à experiência de Deus, pessoal e profunda feita por Maria. Trata-se da experiência de um Deus que olha para a humildade de sua serva e age mandando o Messias libertador. De um lado temos o Senhor Deus e salvador, de outro lado, Maria, mulher humilde que sinaliza todo Israel fiel e servidor.

 

O título de servo ou serva aparece muitas vezes no Antigo Testamento. Ana, mãe de Samuel, também exulta de alegria em Iahweh, que olhou para a sua serva que era estéril (cf. 1Sm 1,6-2,10). O profeta Isaías também faz uma aplicação coletiva, dando a todo Israel o título de servo (cf. Is 42,1-4; 49,1-6). Ao assumir a atitude de serva que engrandece e exulta em Deus, seu Salvador, Maria deixa o anonimato e se transforma numa mulher que será reconhecida como “bem-aventurada” por todas as gerações. Deste modo, Maria confirma as palavras de Isabel que a considera “bendita entre todas as mulheres” (Lc 1,42-43). Hoje, mediante a devoção, também nos unimos a Isabel e concretizamos a profecia de Maria, chamando-a de “bem-aventurada” (Lc 1,48).

 

A Virgem confessa e canta o Deus Santo de Israel

 

Na parte central do Magnificat encontramos a expressão “Seu nome é Santo” (v. 49). Tal expressão, colocada no centro da estrutura do cântico, recorda o Salmo no qual se reza: “Seu nome sagrado é terrível” (Sl 111,9). Ou ainda: “Bendize a Iahweh, minha alma, e tudo o que há em mim ao seu nome santo” (Sl 103,1). A santidade é a principal característica do Deus de Israel (cf. 1 Sm 6,20; Ex 34,8; 1Rs 19,13; Is 6,5). O Deus de Israel é o Santo, o Deus da Aliança que deseja cumprir a promessa em favor de Abraão e enviar o seu Filho mediante a colaboração de Maria. Ao pronunciar o nome de Deus como o “Santo“, Maria se coloca na linha dos grandes profetas e profetisas de seu povo que denunciam as infidelidades de Israel e manifestam a ternura de Deus. Maria, ao mesmo tempo que canta e se coloca na linha dos grandes profetas do Antigo Testamento, pré anuncia a oração do Pai Nosso ensinada por Jesus. No Magnificat ela proclama a santidade do nome de Deus: “Santificado seja o vosso nome” (Lc 11,1-4) / “Seu nome é Santo” – Lc 1,49).

 

A misericórdia divina se estende na história e alcança Maria

 

A última parte do cântico de Maria começa recordando a misericórdia de Deus frente “aqueles que o temem” (v.50). O Deus ao qual Maria canta e louva, manifesta sua misericórdia na história vindo em socorro dos pobres, de quem a Virgem se converte em porta-voz.

No Antigo Testamento, o evento do êxodo é um dos principais acontecimentos em que Deus manifesta sua misericórdia em favor dos israelitas libertos da escravidão do Egito. Nesta linha, o salmista reza: “Ele, o misericordioso, em vez de destruir, apagava a sua falta. Muitas vezes ele segurou a sua cólera, não despertou todo o seu fervor” (Sl 78,38). Ou ainda: “Ferindo o Egito nos seus primogênitos, pois sua fidelidade é para sempre, fez sair de lá Israel, pois sua fidelidade é para sempre, com mão forte e braço estendido, pois sua fidelidade é para sempre” (Ex 2,23-25). Os profetas também reconheceram a misericórdia de Deus no retorno do exílio: “Mas assim fala o Senhor Deus: agora mudarei o destino de Jacó, usarei de misericórdia para com toda a casa de Israel e me mostrarei ciumento de meu santo nome” (Ez 39,25). Na literatura sapiencial, a misericórdia divina é apresentada em chave escatológica: “Graça e misericórdia são para os seus eleitos e ele intervirá em favor de seus eleitos” (Sb 4,15). Nos cantos de Lucas, o tema da “misericórdia” aparece com relativa frequência (cf. Lc 1,50.54.72.78). No Magnificat o tema da “misericórdia” aparece ligado à expressão “de geração em geração” (v.50). Este versículo retoma o v.48, onde também faz referência à misericórdia de Deus em favor de Abraão e de sua descendência (vv.54.55). Deste modo, Maria, a mulher que se identifica com os pobres de Israel, reconhece e canta a misericórdia de Deus que alcança e permeia toda a história do seu povo.

Maria canta a reviravolta de Deus

O cântico do Magnificat mostra a ação de Deus em favor dos pobres (anawim). Os primeiros versículos desta parte representam uma verdadeira reviravolta na história (vv.51.52.53). Deus manifesta o poder de seu braço (cf. Sl 89,11), derruba os poderosos (cf. Jó 12,19), eleva os que estão embaixo (cf. Jó 5,11) e sacia os famintos (cf. Sl 107,9).

 

No esquema abaixo visualizamos a reviravolta cantada pela Virgem Maria:

 

São abaixados São elevados Aspectos
Orgulhosos Temem Ético-religioso
Poderosos Humildes Sócio-político
Ricos Famintos Econômico

 

Esta reviravolta do Magnificat o aproxima muito do cântico de Ana, que também celebra a inversão de sua condição de mulher estéril para se tornar mãe de Samuel (cf. 1Sm 2,1-11). No Magnificat Maria não apenas canta a reviravolta de sua situação, mas passa de sua realidade pessoal para a realidade de todos os pobres de Israel. Maria faz eco da esperança messiânica. O cântico de Maria é uma crítica do orgulho e das riquezas que impedem de entrar no Reino de Deus (cf. Lc 18,18-23). A Virgem de Nazaré canta, exulta e louva a Deus que ama os pobres, derrubando os poderosos de seus tronos e socorrendo Israel, seu servo (cf. Lc 1,51-54).

 

A ação do braço de Deus a favor dos descendentes pobres de Abraão é sinal de sua fidelidade e de seu amor preferencial pelos pequenos (cf. Jr 31,3).  Maria termina seu cântico somando ao seu lado pessoal todo o povo de Israel, que dá graças ao Deus fiel à Aliança. O último versículo do Magnificat aproxima a Virgem de Nazaré de Abraão. Ele recebeu de Deus a promessa (cf. Gn 12,2-3), e Nela, a promessa se concretiza e seu coração explode de alegria a qual contagia todos os pobres de Israel.

 

Meditar o Magnificat é descobrir o rosto de Maria e mergulhar nas profundezas do seu coração que nada tinha de ingênuo e submisso. Para Lucas, Maria é a mulher aberta ao Espírito Santo e na qual Deus agiu. Permanece para cada um de nós o testemunho exemplar desta discípula que assume a atitude de serva e canta ao Senhor que realiza maravilhas e faz reviravoltas em favor dos humildes que o temem. No cântico de Maria, somos todos chamados a repetir com criatividade o gesto humilde da serva do Senhor que reconhece a ação generosa de Deus. Recorda-se, ainda, que a cantora do Magnificat, é a mesma jovem Virgem de Nazaré, servidora na casa de Isabel (cf. Lc 1,39ss), silenciosa ao pé da cruz (cf. Jo 19,25-27) e reunida com toda a Igreja nascente na manhã de Pentecostes e nos caminhos da missão (cf. At 2,1-11). Aliás, como diz o documento conciliar Lumen Gentium, Maria é a melhor e mais perfeita imagem da Igreja. (cf. LG, cap. 8).

 

Pe. Gilson Luiz Maia, RCJ.

 

Comentários

  1. Rostand José Miranda de Lima

    Pe. Gilson,
    Como sou apaixonado por Maria considero seu artigo maravilhos, pois trouxe nova luz para minha reflexão mariana.

      • Raquel Rodrigues

        Maria está viva dentro do meu ser, junto ao seu filho, vejo os dois sempre juntos nas suas obras,e ela me encheu de graças todas as vezes que precisei de um milagre.Ela leva a mensagem a Jesus com tanto carinho e piedade que tudo é atendido e resolvido.Sou consagrada a ela, e tenho muito respeito a Maria.

  2. O cântico mais belo não poderia ter sido citado por outra á não ser aquela que gerou o verbo de Deus,sem dúvida nenhuma essa é a palavra mais bela de toda a bíblia…”A minha alma engrandece e glorifica o Senhor,meu espirito se alegra em Deus meu Salvador…!”
    Ave gracia plena nós te amamos e bendizemos,tu és digna de todo e qualquer louvor entoado nos mais belos sons.

  3. MARIA HELENA DE MORAIS DACANAL

    LINDA ESTA REFLEXÃO, MUITO ME AJUDOU ,POIS FALAREI A CRIANÇAS DA CATEQUESE , E ESCOLHI ESTE TEMA.
    MARIA, MULHER DE FÉ, CONSCIENTE DESEU PAAPEL DE CRISTÃ.
    QUE DEUS NOS CONCEDA ESTA FORÇA PARA QUE SEJAMOS
    ORANTES E BEM CONSCIENTES DO NOSSO PAPEL DE CRISTAÕS LEVAR O EVANGELHO A TODOS.

  4. Eunice Irene Bueno

    Gostaria de recebe esta mensagem e também a mensagem do dia 27 de julho de 2016.Palesta feita na televisão século 21 sobre o Magnifica “O canto de Maria a Danta Isabel.
    Pertenço a Legião de Maria e sou muito devota.
    Salve Maria!

      • Márcia Maria da Silva Moura Urbano

        Lindíssima reflexão. Muito obrigada Padre! Essa reflexão abre mais ainda a nossa mente e nosso coração para “amar mais e admirar mais a nossa Mãe” tão jovem e tão plena de Deus. Deus o abençõe ricamdnte!

  5. Sou tão apaixonada por Nossa Senhora que tenho sonhos lindos com Ela. O hino de Maria faz parte de minha vida desde tenra idade. Rezo-o ou canto todos os dias. Me emocionei ao meditá-lo, pois não o conhecida tão profundamente. Jamais mudaria de religião pois não viveria sem a Eucaristia e sem Nossa Senhora. Obrigada Pe. Gilson por esta oportunidade.

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